Larga:
meu poema,
minha cabeça,
e a ponta dessa lança
que você abraça
Esquece:
o meu pra sempre,
o meu passado,
essas mentiras,
e o gosto daquele beijo
no meio da rua
Lembra:
a minha mão,
procurando a tua,
dentro do casaco,
a tua mão,
procurando a minha,
em todos os rascunhos
Toma:
meu Poême,
meu presente,
meu futuro,
toma meu tempo,
quebra meu relógio
Abre:
os olhos,
a porta,
as pernas,
abre a boca e diz que quer
que eu fique
Fala:
que me ama
que te falta
meu poema,
minha língua,
e o gosto daquele beijo
estalado da sua
Cabe:
no meu abraço,
na minha vida,
e no meio,
das minhas coxas
que são tuas
Lava:
essa louça,
essa mágoa,
esse orgulho,
essa saudade que só ela
Volta:
pro meu colo,
pro meu poema,
pro meu futuro,
pra chuva daquele beijo
Faz:
daquele jeito,
como se fosse a última
Faz pra mim:
um desenho de camelo,
uma torta de limão,
um filho, dois,
uma pose renascentista,
minha flor,
o que pintar por aí
Guarda:
cada letra,
cada carta,
cada coragem
de viver
guarda
Luta:
quando doer,
se estranhar o espelho
e não souber mais quem é
quem
Recomeça:
todo o tempo te espera
sem pressa
agora
Ouve:
meus imperativos se confundem
entre o sim e o não
me sinto estúpida,
não faço sentido
Olha:
se você canta músicas
que não existem
antes de dormir,
eu acho lindo;
o nome disso é
inspiração
mas sou tão dura comigo
quando esqueço a coesão
Me ajuda:
a perder os sentidos
Diga baixinho assim:
eu te amo,
isso é uma janela.
Eu digo assim:
eu te amo,
isso é um martelo.
Veja só:
somos realmente felizes
quando a incoerência
não dói.
2 comentários:
PUTA QUE PARIU!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Não tenho comentários.
Acho que ouso dizer que foi, dos seus textos, o mais lindo que já li.
VC É MUITO ESCROTA!
Eu coloco pra comentar, mas nao tenho o que dizer.
Postar um comentário