terça-feira, 4 de setembro de 2012

Pra você, Yang

Se eu pedir, você morde forte. Nina Simone sabe tudo sobre nós. Tudo é muito mais do que eu sei. Eu fico sem saber de nada quando você anda assim, nessa fúria de fera mordida, gata, cabelos de chicote, lindos. Eu fico sem saber quanto calor consegue transpirar seu corpo, quantas são as curvas dessa vertigem - nem Hichcock dirigiria, só Nina, que espreita o balanço de nossas sombras, balança o silêncio onde descansam nossos suspiros; Nina sabe quantos dedos seus mistérios casam. Me deixa te usar de aliança, te guardar na minha mão, desfilar seus sins, tocar os sinos das suas demoras. Me deixa bater boca contigo. Bate boca comigo. Bate a boca na minha; a língua, o livro, o verso. Bate o seu verso no meu verso, tuas costas nas minhas, tuas linhas no meu ponto final.
Fica comigo, sonha comigo, diz que me quer, que eu também quero, mas, quando eu pedir, você morde forte. Não me deixa gostar. Traça um ponto de fuga, me beija, mas aponta meu norte, me diz a hora. Eu quero você, mas quando a Nina para de cantar é veia aberta, cava o pulso, gaze na boca, eu mordo forte.