domingo, 31 de maio de 2009

Metalinguagem




Meu primeiro lápis foi comido com patê.
Meus rabiscos eram em vão, do tipo que um niilista contemplaria.
Foi quando Ela me disse: faça das palavras seu glacê.
Então foi quase psicografia.
Misto de razão e coração,
Que só entende quem conhece o tesão da poesia.
E tal qual camaleão, sou da arte das mil faces;
Sou quem quero, quem não quero e quem me quer.
Abuso dos sujeitos; mudo de nome.
Sou conectivo do verbo mulher.

Mas se eu morro um pouco andando nas ruas,
Se a sujeira seca, seca minha inspiração,
Se eu chego em casa sem gula, sem luxúria e sem razão.
Ela vem debaixo do cobertor.
Vem sob a negra fumaça
E diz baixinho: morrer sem pecado é morrer na desgraça.
Então recolho as palavras perdidas e volto sem culpa pra minha raiz.
Imigrante de mim, abraço meu lar
Depois morro de novo; na frente da mira eu peço bis.
Tudo mentira.
Mas inspiração alguma resiste a uma atriz.

Tainá L.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Parto

Escrever é excitante, mas o Conto de foda não tem a pretensão de ser tão erótico quanto uma foda bem narrada. Auto-afirmação é o princípio da decepção.

Exatamente por isso nunca gostei de textos que se autodenominam “humor”; já são lidos com a expectativa do riso e fica-se à espera da piada idealizada, que nunca chega. Aí, então, o texto que teria até algum potencial político ou literário, vira uma grande merda.
Portanto a idéia, a princípio, é nenhuma. Ou melhor, a idéia é não ter nada pré concebido e escrever. Escrever sobre a foda nossa de cada dia – seja ela qual for.

Aproveitemos ao máximo os múltiplos significados de “foda”, que pode ser expressada em momentos de prazer, indignação, raiva, admiração e tédio. Além dos clássicos momentos onde ”tá foda” é a única solução.

Apresentações são sempre torturantes e artificiais, mas fica aí a idéia vaga sobre a pouca idéia que se tem:

Contos de fodas não deve ser composto só de contos, nem só de fodas, muito menos só de contos fodas. Na verdade, essa é a válvula de escape de alguém que tem a alma transbordante de alma. Alma feita de esponja, que absorve o que quer e o que não quer, e que acaba por não caber mais em si. E ela não quer caber. Porque o que é perfeitamente cabível não nos convence mais.

Tainá.