domingo, 24 de junho de 2012

No papel da saudade

Eu sinto, de você
uma saudade crepom
que me encapa a carne
em cada curva que anoiteço

do tempo, essa saudade
um tempo que mastigo
como os andarilhos da Bolívia
nos trilhos do trem da morte
mastigam coca pra não explodir

eu como você
eu como o nosso tempo aqui do alto
na montanha onde me escondo

onde não tem amor,
não tem torta de limão,
é só o tempo pra mastigar
e nem 2 mil pés
no meu pulmão
sufocam tanto quanto essa saudade

Eu queria que você soubesse
que eu te amei sem hora
e tanto
que me atrasei

Eu queria esquecer
essa sua boca linda agora
mas minha saudade crepom
me tinge de amarelo o passado
e grita tanto
que eu quase nem vejo
a sua boca
salivando
outra boca

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Nota de página

Sutil:
Não dá
pra fazer
poesia
de sutiã

Origem do cômico

"Se for levado em consideração que, durante centenas de milhares de anos, o homem foi um animal acessível ao medo no supremo grau e que para ele tudo o que fosse repentino, inesperado, significava estar pronto a combater, talvez pronto a morrer, que mesmo mais tarde ainda, em regime de sociedade, toda a segurança repousava no esperado, na tradição em termos de opinião e de atividade, não devemos nos admirar que, diante de tudo o que é súbito, inesperado, em palavras e em atos, quando se produz sem perigo nem dano, o homem fique aliviado, passe para o oposto do medo; o ficar trêmulo de medo, envolto em si próprio, se ergue rapidamente, se estende comodamente - o homem ri." (Nietzsche - Humano, Demasiado Humano, Aforismo 169).

sábado, 9 de junho de 2012