domingo, 20 de novembro de 2011

Chega de fantasia

Acordou na quarta-feira com a última lembrança no pescoço. Deslizou a mão pelos cabelos, mexeu as pernas, afastou o lençol e sentou na cabeceira da cama, com a mão na testa. A cabeça, como doía: maldito uísque vagabundo.
No caminho para o espelho ainda ouvia o rock dos Mutantes, "veja como vem, veja bem..." e sentia estourar a cada passo a frase da noite: "não vá se perder por aí", os meninos avisaram.
Escolheu com firmeza a torneira de água fria e lavou o rosto, com a certeza de que precisava de mais do que um café para acordar, por hora.

Empacotaram os sonhos há quase um ano. Fazia um tempo frio no Rio de Janeiro e as chuvas, cada vez mais frequentes e torrenciais, levaram com a correnteza os pacotes de futuro que não cabiam mais na cama.

(continua)

Nenhum comentário: