terça-feira, 6 de setembro de 2011

Nietzsche para estressados

Estava numa livraria ontem e, logo quando decidi pedir ajuda ao atendente, um sujeito grandalhão, mas com semblante apreensivo e, sou até capaz de dizer, meigo, foi mais rápido que eu perguntando afobado:

_ Você tem aí alguma coisa pra estresse?

O vendedor - devia ser novo na loja - pareceu muito desconfortável com aquela pergunta, que mais parecia uma confissão:

_ Olha, a gente tem esse aqui ó: "Nietzsche para estressados".

A imagem do Nietzsche, filósofo ácido, num contexto terapêutico arrancou de mim - que acompanhava o diálogo, à espera do vendedor - uma sonora gargalhada.
O grandalhão não pareceu convencido e foi investigar a sugestão, com ar desconfiado e sempre aquele semblante dolorido. Eu, ocupei o atendente com alguns autores que precisei soletrar e, por algum tempo, esqueci do grandalhão estressado.
Quando fui embora, ele ainda estava lá, com uma mão segurando Nietzche e a outra mergulhada numa prateleira que carregava uma placa amarela gritando: "AUTO-AJUDA".
Passei por ele morrendo de vontade de sussurrar no ouvido, baixinho, de modo que o sujeito não soubesse se ouviu de mim ou da própria consciência:

_ Auto-ajuda é masturbação, babe.

Um comentário:

b. girauta disse...

se vai desestressar, não sei, mas vai se debater..