quinta-feira, 16 de junho de 2011

Não é poesia


Volta e meia começo coisas. Coisas que começo pra terminar, coisas que começo depois que termino outras, coisas que não terminam, coisas que começo, termino e volto, volta e meia.

Enfim, decidi começar hoje o projeto "correr na praia" 2011. Afinal, todo o ano, desde que tenho 10, começo uma atividade física específica em algum mês. É de praxe. Nesse vício, já fiz de yoga a muay thai, mas, embora fique muito gostosa de shortinho de laycra (cof cof), nunca gostei de correr. No entanto, os gostos mudam, o paladar amadurece e faço parte do grupo dos que têm a alma flexível, apesar dessa ser uma afirmação estranhíssima. Assim, tomei gosto e agora pretendo fazer isso pelo menos 2 vezes por semana.

Ok, não é isso o que importa. O que importa é que, para inaugurar o "projeto", decidi ir hoje até o MAC, que, pra quem não sabe, é o museu de arte contemporânea de Niterói. Acabei dando uma circulada pelo pátio, porque não dá pra resistir àquela vista. Aí, bom, não é só porque acredito na lei da atração, mas quem faz licenciatura ATRAI. É claro que tinha que ter uma excursão escolar, claro. No pátio, havia um grupo de uns 20 quase-adolescentes, as idades variavam, estudantes de uma escola pública. Como o MAC só abre às 10, estavam todos espalhados fazendo hora e eu, que sou uma boa observadora, de repente escutei a pérola "Eu nunca fui a um museu", seguida por outras vozes, que pipocavam: "nem eu".

É realmente inacreditável. São afirmações como essas que me inspiram a ser professora e plantar nessas cabeças um pouco mais de interesse, que cria a oportunidade. Um dos principais objetivos do professor, pra mim, deve ser semear a curiosidade, provocar o encontro com o novo e o interesse em descobrir. A fala desses meninos denuncia um sistema básico de ensino público predominantemente sem paixão. Triste.
Tudo bem, era uma excursão escolar, mas, o que quero dizer é que a afirmação do menino, de uns 14 anos, mostra que isso deveria ter sido feito há séculos.
Outro dia vi uma reportagem de uma menina estrangeira que pintava aos 5 anos. Tinha um senso estético incrível porque foi estimulada. Isso prova que não dá pra dizer que que as crianças, por si só, não têm o menor interesse. Ele precisa vir de algum lugar. Se eu contar que eles (na foto) pareciam ansiosos para abrir o museu e, quando abriu, saíram correndo, vocês nem acreditam.
Se admitimos, embora contrariados, que existem famílias de diferentes rendas dentro de escolas diferentes, concordamos que o estímulo deve partir do meio acadêmico. Ele deve funcionar de modo que alunos diferentes recebam os mesmos incentivos. Essa é a ideia. E a moral da história é que, o que eles dizem eu assumo como inspiração, pra digerir. Mas nada disso é poesia.

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