sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Osso-aqui-não

... e quando fecha a tranca, na fuga do barulho que a cidade grita por todos os cantos carros vendedores ambulantes ambulâncias ambivalências que piscam no asfalto, não cala o suspiro que faz sua boca, dormindo em mim.
Ela é linda enquanto dorme e - silêncio - olha só como acorda agora e sorri, desconfiada, assim que ouve o elogio.
Eu cá comigo mal consigo dormir com sua boca aqui dentro, mas tampouco se estivesse fora; ela toda me desperta.

Olho de novo: é incrível como vocês se parecem. Não, ela é você inteira, essa boca, em metonímia. E olha os lábios, como são bonitos. (é a expressão harmônica dos contrários: tão vermelhos, mas delicados. macios, mas precisos, firmes. o sorriso não extrapola e aparece tímido, mas delator)
Boca, sempre achei curioso o tom de cor que vocês têm. Por vezes, tenho a absoluta certeza de que não poderia ser outro, de jeito nenhum. Imagine só bocas azuis, quem sabe cinzas ou alaranjadas.
Não, não, bocas têm a cor que precisam.
E a textura, há que se falar da textura: é mesmo incrível que o corpo tenha dito: "osso aqui não, mas almofadas".

aiai, tudo parece num lugar tão certo quando se fala delas...; o que afinal faz sua boca dentro da minha cabeça?