eu poderia resistir
a qualquer curva
e resisto
mesmo
quando passam por mim
no curvilíneo Rio de Janeiro
curvas perigosas
eu poderia resistir
e resisto
às imperativas categóricas
que, rebolativas,
são tesão por dever
e confundem os juízos
poéticos
a priori
eu poderia resistir
e resisto
aos incêndios dessa cidade
às pequenas explosões
que te tomam de assalto
e derrubam do salto
os antisociais
há fogo demais nesse asfalto
um fogo de saias
que faz calor de verão
que explode os bueiros
e conclama os bombeiros
à revolução
vibro com essa chama
e resisto
a esse risco flamejante
às curvas sinuosas
temperadas pelos
parágrafos
de Kant
mas passa o tempo
eu acelero
você transpira
só o que me pára
é capotar numa mentira
camuflada ali
no meio do caminho
onde nasce e desemboca
o futuro desse flerte
carioca
4 comentários:
você é demais. eu nunca tenho palavras.
Boba!!
Lindo!
Me fez lembrar Gullar (sempre Gullar tecendo a vida)...
então, imperativas categóricas foi realmente inspirado ...
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