No sábado não ganhei só uma noite deliciosa, mas vários livros. Num deles, "guia politicamente incorreto da história do Brasil" - haha, "a sua cara!", ela disse - tinha como dedicatória, no final: "dar um livro não é presentear, dar um livro é fazer um elogio". Eu e meu ego concordamos, ok, Rafa?
Além disso, é muito bom adicionar à estante "Toda a poesia", do Ferreira Gullar, assinado por uma professora de português tão inesquecível quanto a Bia. Futura Doutora (quase!), ninguém melhor do que vc para presentear "toda a poesia"!
Deixo, então, o poema que provavelmente motivou o presente e só me traz boas lembranças: ouvi pela primeira vez no primeiro sarau que frequentei e declamei pela primeira vez no colégio mais querido da minha vida, no primeiro sarau que organizamos.
Assim, Cantada
Você é mais bonita que uma bola prateada
de papel de cigarro
Você é mais bonita que uma poça dágua
límpida
num lugar escondido
Você é mais bonita que uma zebra
que um filhote de onça
que um Boeing 707 em pleno ar
Você é mais bonita que um jardim florido
em frente ao mar em Ipanema
Você é mais bonita que uma refinaria da Petrobrás
de noite
mais bonita que Ursula Andress
que o Palácio da Alvorada
mais bonita que a alvorada
que o mar azul-safira
da República Dominicana
Olha,
você é tão bonita quanto o Rio de Janeiro
em maio
e quase tão bonita
quanto a Revolução Cubana
Ferreira Gullar
Um comentário:
Claro! Foi mesmo você declamando Gullar naquele sarau que determinou parte do presente. A outra parte é a constatação de que o mundo sem arte é de uma obviedade entediante. Nada melhor que Gullar para salvar os dias!
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