terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Engolir galinhas e outras vulgaridades

quando chegou o fim da linha,
meu bem,
eu percebi com o fim da fome:

cada frase que sai da boca
da mulher que você come
tem um gole de veneno
no sujeito e no pronome

cada s que ela usou,
se enroscou no meu pescoço,
fez psiu no meu ouvido,
devorou o meu almoço.

em resposta,
conjuguei o pretérito perfeito:
que também é o tempo
do não querer mais.
cobrei o rosbife mal passado
em garfadas de pontos finais.

...

quando chegou de volta a fome,
meu bem,
eu percebi com a galinha no fim

foi assim, de repente
estava ela na minha frente
dei um passo à frente dela
e devorei aquele sim

então restou eu, sujeito e pronome,
no fim do caminho
com a galinha dentro de mim

Um comentário:

Sandro Lima. disse...

Texto delicioso, achei-o ainda melhor agora, lendo com a entrega necessária.