O que é o desejo? Perguntou Hilda Hist, que respondeu na cama, na boca de outros, na poesia, na vida; respondeu vivendo, flexionando o infinitivo, presenteando o verbo, dizendo sim.
O que é o desejo? Perguntam os adolescentes, entre bitocas atrás da porta, amassos no muro da escola e segredos embaixo da cama. Perguntam os jovens, entre o amor eterno, o nunca mais e o só essa noite.
O que é o desejo? Perguntam os químicos, que gastam seus dedos em tubos de ensaio e buscam respostas na acidez da saliva, no sal do suor, nos milagres do período fértil, e tudo isso com luvas, de máscara, ao longe, na ignorância da equação já balanceada que produz mais desejo a partir do elemento-tato; explosivo.
O que é o desejo? Perguntam quase todas as mulheres que queimam, com seus colos vermelhos e os seios atentos; a boca seca e os meios das pernas afogando o próprio desejo enquanto elas perguntam o que é, vai entender, e duvidam!, e vacilam!, e mal sabem que isso tudo é resposta.
O que é o desejo?
Passa o dedo e lambe: não é o que, mas que gosto.