três pares de pernas
perambulam
pelo quarto
é madrugada;
a noite chupa
o vento
geme
a luz da lua
aquece
os três pares de pernas
ainda perambulam
por um quarto
que flutua
agora
vê;
a 8 pés de altura
voa o quarto
sem parede!
sem janela!
olha,
como mexe;
esse quarto
sem tranca
sem sentinela
enlaça a trança
dessas pernas
num rasante,
por sobre uma viela
param os pares
quando ouvem a baderna:
"vê, como é farto!
são três pares de pernas
que perambulam
pelo quarto!"
"mas que quarto?" - pergunta o leitor
"que quarto flutua?"
"que quarto não tem parede?" - esbraveja, indignado
pois justamente a ele -
e a mais alguns,
que não saíram
das cavernas -
responde o povo
em coro:
"meu senhor,
o quarto era mais um par de pernas!"
2 comentários:
Sem palavras (de novo) para comentar. Apenas mais um par de pernas sobrevoando quartos, quarteirões, cidades. Às vezes isso é pouco, às vezes suficiente. Ainda não chegou a ser muito. Ainda tem pra dar mais.
BP
Sua leitura inspira; línguas, pernas, poesia.
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